Depois da resolução tomada de vender e depois comprar casa, eis que me encontro na nova habitação. Perdi a conta ao tempo que demorei a cá chegar, e peripécias e obstáculos à parte, sei que o que me motivou ou deu o mote para sair dali para fora, fora sem dúvida o espaco diminuto que a minha filha tinha no quarto partilhado com o irmão, mais a diferença de idades.Engraçado porque desde sempre senti que não pertencia ali, nem sequer tinha sido muito feliz naquela casa, se bem que há memórias que não esquecemos.
Também outra coisa engraçada, é que passei de uma casa. "atarracada" por assim dizer, para uma muito maior, com espaço e luz natural, que é algo que aprecio bastante.
A vista dava para uns prédios cor de rosa, enormes, que me cortavam a vista, e nem nunca pude assistir ao nascer do sol ou mesmo vislumbrar a lua. ( coisa para mim de extrema importância)
A única vista interessante era a da sala, mas para isso tínhamos que nos colocar de lado para avistar um descampado que todos os verões lhe pegavam fogo. Em frente, entre umas vivendas, também existiam uns pinheiros com uns eucaliptos gigantes, pinheiros esses que lembravam o Natal ou os países nórdicos. E foi isso que na altura me encantou quando fui para lá morar, pronto para além da pastelaria da frente.
Há uns anos cortaram os eucaliptos enormes, que balançavam contra o vento, de seguida queimaram - nos e aquilo nunca mais fora o mesmo. A admiração que tinha ao ve- los abanar para a frente e para trás, sumiu- se naquele dia.
Mas voltando à história, uma das coisas que constatei foi " como é que vivi tantos tempo numa casa tão pequena?"
Sabia que era pequena, mas nunca me tinha dado conta !
Parece ridículo, pensarão alguns de vós, mas o que é certo, agora que estou numa bem maior, em que cabe tudo e ainda sobra espaco, e que as coisas não se atrapalham umas às outras ou posso mesmo expor coisas que não poderia na outra casa por falta de espaço.
Nesta casa entra a luz do sol de tarde nos quartos, vejo o pôr do sol pela manhã e a reconchuda lua à noite. Vejo ainda os comboios a passar quando olho pela janela, e ainda desfruto da vista para a cidade.
Quando vi a casa pela primeira vez, foi como amor à primeira vista, senti: "É aqui!"